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 O Regresso Desejado

Patricia Barber em Torres Novas

 

Com Dave Miller (guitarra), Lary Kohut (contrabaixo) e João Cunha (bateria), Patricia habitou o palco da agradável sala do teatro Virgínia, onde apresentou o álbum «Smash». Tudo começou com o suspiro de alívio ao descalçar-se para iniciar um instrumental com 4 minutos de solo de piano que, aquando a entrada em acção dos restantes instrumentistas, denotou-se anomalia no som por o volume do contrabaixo soar mais alto que os restantes instrumentos, abafando as notas do piano, situação que, no entanto, foi corrigida pelo técnico de som.

As duas primeiras interpretações pareceram enfadonhas, com o público maioritariamente quarentão/cinquentão a preencher metade da lotação, entre o qual era visível um significativo número de camones, a aplaudir com timidez. Porém, com a abordagem ao novo álbum realizada com «The storyteller», seguindo-se o marcante «Code cool», cuja sonoridade muito idêntica ao registo discográfico, foi enriquecida com uma roda viva de nuances criativas de efeitos reversivos gerados pelo jogo de pedais do guitarrista, foi ver crescer o empenho entusiástico da assistência e dos músicos.

O jovem baterista português, captou a atenção em «Devil´s food», por causa da energia empregue no início e no final do tema, revelando maturidade e segurança de forma a não acusar a responsabilidade de acompanhar Barber, como se sempre tivesse estado em contacto íntimo com a obra desta individualidade do jazz actual. Juntamente com os companheiros de palco, o público foi rendido ao desempenho brilhante e objectivo do João, merecidamente ovacionado. “João, como se diz scream em português?”, perguntara ela, demonstrando dificuldade em pronunciar o substantivo grito. Após várias tentativas, na nossa língua e bem perceptível disse “tenho uma canção que se chama «Scream»”, promovendo uma gargalhada geral. A actuação já estava boa e ficou melhor com o ritmo rock desse tema, chegando ao seu termo numa impressionante capacidade torácica em suster Screeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeam ao longo de 34 tempos.

No encore ouvimos a canção que dá nome ao álbum, o qual depois de estranhar na primeira audição tem entranhado nas escutas seguintes.

 

Com 58 anos de idade, a cantora, pianista e compositora de Chicago, fez uma apresentação descomplexada e comunicativa, o que muito facilitou a vida aos músicos que a acompanharam e ao público que não deu pelo passar do tempo (81 minutos). Sem dúvida, este foi um benigno espectáculo!

Nota: Agradecimento especial a PFP (Ghost4U), e Francisco Perdigão (Maxmix)  pela disponibilidade demonstrada em toda a logistíca e facilidades.

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